"Tudo é uma Lei, não duas.
A unidade é a natureza mesma da existência. A dualidade é nossa imaginação.
Por isso, passamos a vida inteira buscando pelo amor. A busca do amor não é mais que um sintoma de onde existia a unidade nós criamos uma dualidade falsa.
Não se pode encontrar uma pessoa que não tenha uma profunda necessidade de amor...todos querem amar e querem ser amados.
Porque tanto desejo de amor? Deve ser algo muito profundamente enraizado. Isto é o que está tão profundamente enraizado: a vida é UMA; temos imaginado que estamos separados. E esta separação se torna muito pesada. É falsa e é uma carga.
O amor não é outra coisa que a ideia de se voltar a ser um com a totalidade. Vem daí o desejo de ser amado, vem daí o desejo de ser necessário, o desejo de que haja alguém que aceite teu amor.
Parece difícil se fazer um com a totalidade. Mas ao menos haverá alguém que te aceite; ao menos poderá diminuir esta distância através da porta de uma pessoa. Por isso, se não está apaixonado pensas constantemente em amor. E isso se converte em uma obsessão: te aprisiona. Está sempre rondando a sua volta. E se estás apaixonado, surge outra coisa: o amor, não importa quão profundo e imenso seja, se torna sempre insuficiente, parece que falta algo. Os que não estão apaixonados buscam o amor, e os que estão se dão conta de que se necessita de algo mais.
Os grande amantes se sentem muito frustrados no seu mais profundo, porque se aproximam de encontro e chegam ao ponto em que parece que tudo vai simplesmente desaparecer...mas de novo são jogados de volta a si mesmos. Tem vislumbres da proximidade, mas não da unidade. Se amam muito, então surge o desejo da oração ou da meditação.
O desejo da oração é este: aprofundar o que através do amor foi vislumbrado. Mas os vislumbres os tornam mais sedentos que antes. Se sente sede e então chega a se ter vislumbres de um belo rio, de uma fonte fresca. Se ouve uma canção da fonte, mas logo desaparece: então se tem mais sede que nunca.
Os que não estão apaixonados sofrem, mas seu sofrimento não é nada comparado aos que estão realmente apaixonados. Seu sofrimento é imenso, é muito mais agudo e intenso, porque estão tão próximos da fonte, e no entanto, tão longe. Parece que o reino está a volta, e quanto mais se aproximam, mais se afasta. É como o horizonte que sempre retrocede.
O amor é o primeiro passo para Deus: a oração é o final, ou a meditação é o passo final.
O amor te ensina uma nova sede, uma nova fome, por isso é tão belo o amor.
Muitas pessoas vêm a mim e perguntam sobre o amor e eu lhes digo: Entre nele sabendo muito bem que estou lhe enviando ao perigo. Não os estou enviando ao amor profundo para que possam sentir-se satisfeitos. Ninguém está nunca satisfeito. Eu os envio a uma história de amor profundo para que cheguem a estar realmente sedentos, para que tenham tanta sede que só Deus seja suficiente, nada mais.
O amor te prepara para uma grande sede do divino, porque tens tido vislumbres dele na outra pessoa, houveram momentos em que você viu um deus na outra pessoa. Olhando profundamente a outra pessoa encontraste alívio, daí que surge uma certa serenidade. Mas é passageira, momentânea, vem e vai; é mais como um sonho que uma realidade. (...) Só quando o amor não sacia sua sede, Deus se converte em uma necessidade. Mas ambas as necessidades estão no mesmo caminho.A razão básica é que na realidade não estamos separados da totalidade, mas pensamos que estamos separados. Por isso surge o desejo: como me tornar uno com a totalidade? O primeiro passo tem que ser dado com alguém que te possas amar, e logo o segundo passo surgirá por si mesmo.
Um amor autêntico te leva necessariamente até a oração, a meditação. E se o amor não está te levando até a oração, a meditação significa que não é amor verdadeiro, porque um amor verdadeiro te prova necessariamente que o amor não é suficiente. Se necessita de algo mais.
Um amor verdadeiro te leva até a porta do templo, este é o critério de um amor verdadeiro. A partir daí, só Deus te pode preencher."
Osho em Meditações para a Noite
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