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sábado, 8 de outubro de 2011

OS DIREITOS DO HOMEM NO AMANHECER DO SÉCULO XXI - Dalai Lama


Discurso de Dalai Lama na Reunião de Paris da UNESCO - Comemoração do 50º Aniversário da Declaração Universal dos direitos do Homem.

O aumento da preocupação a respeito das violações dos direitos humanos é muito encorajadora. Não só nos dá uma perspectiva de alívio a muitos sofrimentos individuais, como é uma indicação do desenvolvimento e do progresso da humanidade. A preocupação pelas violações dos direitos humanos e o esforço para proteger os direitos do homem representam um grande serviço aos povos quer do presente quer das futuras gerações. Desde a Declaração Universal dos Direitos do Homem, há cinquenta anos, por todo o lado as pessoas começaram a compreender a grande importância e o valor dos direitos do homem.


Não sou um perito no domínio dos direitos do homem. Contudo, para um monge Budista, como eu, os direitos de cada ser humano são muito preciosos e importantes. Segundo a crença budista, cada ser sensível tem um espírito cuja natureza fundamental é essencialmente pura e não poluída pelas distorções mentais. Referimo-nos a essa natureza como sendo a semente da Iluminação. Desse ponto de vista, todos os seres podem eventualmente alcançar a perfeição. Também acreditamos que todos os aspectos negativos podem ser removidos do espírito, dado que a sua natureza é pura. Quando a nossa atitude mental é positiva, as ações negativas do corpo, da palavra e do espírito automaticamente cessam. Como todos os seres sensíveis têm semelhante potencial, todos são iguais. Cada um tem o direito de ser feliz e de vencer o sofrimento. O próprio Buda disse que na sua Ordem, nem a raça nem a classe social são importantes. O que é importante é a prática verdadeira de se viver a vida de uma maneira ética.

Enquanto praticantes Budistas, tentamos antes de mais melhorar a nossa conduta do dia a dia. Só sobre essa base podemos começar a desenvolver as práticas do treino mental e da sabedoria. Na minha prática diária de monge Budista tenho de observar muitas regras, mas o tema fundamental de todas elas é o profundo respeito e preocupação pelos direitos dos outros. Os principais votos observados pelos monges e monjas plenamente ordenados incluem não tirar a vida de outros seres, não roubar as suas posses e por aí adiante. Estas regras estão explicitamente relacionadas com o profundo respeito pelos direitos dos outros. É por esta razão que freqüentemente descrevo a essência do Budismo com sendo algo como isto: se puderem, ajudem os outros seres sentientes; se não puderem, pelos menos abstenham-se de lhes fazer mal. Isto revela um profundo respeito pelos outros, pela própria vida e uma preocupação pelo bem estar dos outros.

Apesar de ser muito importante respeitar os direitos naturais dos outros, tendemos a conduzir a nossa vida ao contrário. A razão é que nos falta amor e compaixão. Por conseguinte, mesmo em relação à questão das violações dos direitos humanos e à preocupação pelos direitos do homem, o ponto fulcral é a prática da compaixão, do amor e do perdão. Muito freqüentemente, quando as pessoas ouvem falar de amor e de compaixão, têm o sentimento que isso se relaciona com práticas religiosas. Mas não é necessariamente o caso. Em vez disso, é muito importante reconhecermos que a compaixão e o amor são fundamentais nas relações entre os seres sentientes em geral e os seres humanos em particular.
No início da nossa vida e de novo quando envelhecemos, apreciamos a ajuda e a afeição dos outros. Infelizmente, entre estes dois períodos da nossa vida, quando somos fortes e capazes de cuidar de nós, negligenciamos o valor da afeição e da compaixão. Como a nossa própria vida começa e acaba com a necessidade da afeição, não seria melhor praticarmos a compaixão e o amor pelos outros enquanto somos fortes e capazes?

Apenas ganhamos amigos genuínos quando exprimimos sentimentos humanos sinceros, quando exprimimos respeito pelos outros e preocupação pelos seus direitos. Isto é o que experimentamos claramente na nossa vida quotidiana. Não é necessário ler complicados tratados filosóficos nesse sentido. Na nossa vida de todos os dias, estas coisas são uma realidade. Por conseguinte, a prática da compaixão, a prática da sinceridade e do amor, são fontes essenciais para a nossa própria felicidade e satisfação. Assim que desenvolvemos semelhante atitude altruísta, desenvolvemos automaticamente a preocupação pelo sofrimento dos demais e simultaneamente desenvolvemos a determinação de fazer algo para proteger os direitos dos outros e para nos interessarmos pela sua sorte.


Cada um de nós tem de aprender a trabalhar não só para si, para a sua família ou nação, mas para o benefício de toda a humanidade.
A responsabilidade universal é a chave para a sobrevivência humana. É a melhor garantia para os direitos do homem e para a paz mundial.

Fonte-www.stum


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